segunda-feira, 14 de novembro de 2011

TIMOR LESTE: 20 ANOS DO MASSACRE DE SANTA CRUZ


"Massacre marcou a viragem da opinião pública internacional em relação a Timor" - Mari Alkatiri

Díli, 12 nov 2011 (Lusa) - O secretário-geral da Frente Revolucionária de Libertação de Timor-Leste (FRETILIN), Mari Alkatiri, disse hoje à agência Lusa que o massacre de Santa Cruz marcou a viragem da opinião pública internacional em relação ao país.

"Todos sabem que há 20 anos atrás o massacre marcou a diferença, marcou a viragem da opinião pública internacional em relação a Timor-Leste e muito mais particularmente da opinião pública portuguesa", afirmou Mari Alkatiri.

Para Mari Alkatiri, a "partir de 12 de novembro de 1991 toda a dinâmica para a libertação nacional foi crescendo em força, em qualidade, em tudo".

O secretário-geral da FRETILIN falava à Lusa no âmbito do 20.º aniversário do massacre de Santa Cruz, que foi hoje assinalado em Díli com uma missa na igreja de Motael e uma marcha até ao cemitério e que contou com a presença de milhares de pessoas.

"Vinte anos depois também é tempo de usar este evento, este acontecimento trágico para uma maior educação patriótica para as gerações atuais e futuras, os jovens, porque o que importa para defender esta independência duramente conquistada é fazer crescer o sentido de Pátria junto dos jovens timorenses e consolidar uma identidade própria, e os acontecimentos de 12 de novembro fazem parte de todo esse processo de afirmação da Pátria e do patriotismo", concluiu Mari Alkatiri.

A 12 de novembro de 1991, mais de duas mil pessoas reuniram-se numa marcha até ao cemitério de Santa Cruz, em Díli, para prestarem homenagem ao jovem Sebastião Gomes, morto em outubro daquele ano pelos elementos ligados às forças indonésias.

No cemitério, militares indonésios abriram fogo sobre a multidão.

Segundo números do comité 12 de novembro, 2.261 pessoas participaram na manifestação, 74 foram identificadas como tendo morrido no local e 127 morreram nos dias seguintes no hospital militar ou em resultado da perseguição pelas forças ocupantes.

A maior parte dos corpos continua em parte incerta.

(http://noticias.sapo.tl/portugues/lusa/artigo/13340133.html)





Constâncio Pinto, atual embaixador de Timor-Leste em Washington:

Vinte anos após o massacre de Santa Cruz, como recorda esse dia?

Lembro-me perfeitamente desse dia. Às vezes sinto-me culpado por ter dado orientações para organizar a manifestação. E outras vezes sinto que foi uma decisão certa, condicionada pela luta. Lembro-me do som dos tiros de M16 e lembro-me de ter observado os militares indonésios a transportar jovens mortos e feridos para o hospital militar. Lembro-me dos pais que ficaram aflitos com seus filhos que saíram de casa sem dizer uma palavra.

Como foi a preparação da manifestação?

A manifestação de 12 de Novembro nunca constou na agenda da frente clandestina. Foi uma decisão tomada na última hora em resposta às frustrações dos jovens e da frente clandestina em geral pelo cancelamento da visita da delegação parlamentar portuguesa que estava planeada para o mês de Outubro. Dei orientações aos responsáveis principais do Comité Executivo da Frente Clandestina, neste caso ao Gregório Saldanha [o actual dirigente do Comité 12 de Novembro] através de Egas Alves, pedindo-lhes para organizar a manifestação aproveitando a presença dos jornalistas internacionais e do relator especial para os direitos humanos [da ONU], Pieter Koojimans. A missa para assinalar a morte do Sebastião Gomes [que tinha sido morto em Outubro por militares indonésios] foi apenas um pretexto. Embora num espaço de tempo muito curto, o Comité Executivo da Frente Clandestina, através do Gregório Saldanha e outros, mobilizou mais de 3000 jovens em menos de um dia.

A visita dos parlamentares portugueses tinha sido adiada, mas o protesto avançou.

Organizámos a manifestação de 12 de Novembro precisamente por causa do cancelamento da delegação parlamentar. Se a delegação parlamentar tivesse ido a Timor-Leste, a manifestação teria sido outra.

Como foi a caminhada para o cemitério?

Na altura estive escondido em Díli, eu era a segunda pessoa mais procurada pelos agentes secretos da Indonésia. Por esta razão não acompanhei a manifestação desde [a igreja de] Motael. O plano era levar as flores até ao cemitério de Santa Cruz e colocar na campa de Sebastião Gomes. Do cemitério continuariam para Licedere e juntar-se-iam em frente ao Hotel Turismo, onde estava Pieter Koojimans.

As imagens do massacre foram uma janela para o que se passava em Timor?

As imagens do massacre foram decisivas para a resistência timorense. Foram essas imagens que colocaram Timor-Leste no mapa político do mundo e desmascararam toda a diplomacia Indonésia em relação a Timor-Leste.

Como é hoje recordado em Timor o massacre de Santa Cruz?

Normalmente celebra-se uma missa na Igreja de Motael e levam-se flores para o cemitério de Santa Cruz e acendem-se velas à volta e por dentro do cemitério.

Esperava, nessa altura, que Timor seria independente daí a dez anos?

Sim, tive sempre a esperança de que Timor-Leste, cedo ou tarde, teria que ser um país independente.

(http://paginaglobal.blogspot.com/2011/11/dili-milhares-de-pessoas-marcharam-para.html)




3 SEMELHANÇAS ENTRE TIMOR LESTE E A LÍBIA:

1) Ambos os países sofreram invasões genocidas.
2) Ambos os povos dão exemplo de coragem irredutível.
3) Ambas as guerras foram escamoteadas dos brasileiros pela pior imprensa do Mundo.


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