sábado, 31 de março de 2012

O QUE REALMENTE ACONTECE EM SABHA



LEONOR MASSANET ESCLARECE

"Sábado, 31 de Março de 2012 às 10:26 hs.

Sei que minhas palavras a respeito do que está a ocorrer em Sabha podem ser desconcertantes às vezes, mas acho que está havendo ali uma grande manipulação.

Acho que os Tbawe não são verdes e simplesmente foram utilizados e empurrados a atacar Sabha para dar uma desculpa aos agressores. Acho que é uma grande manipulação.

Faz dois dias chegou um grande exército a Sabha para ajudá-los. Alguns diziam que era o Exército Verde da Jamahiriyah, e até que o Líder Líbio estava entre eles. Mas tratava-se só de um sonho, porque na realidade estavam a chegar grupos armados internacionais de Misratah e outros enviados pelos EUA. Teoricamente vinham defender Sabha, mas ao estilo de Misratah.

Todos sabemos já qual é o estilo dos grupos armados internacionais de Misratah. Entraram nas casas das famílias dos Tbawe, espancaram seus filhos, esposas e idosos e os levaram !!!

Como é possível que a estas alturas estes bárbaros sigam tendo impunidade para atuar como autênticos criminosos sádicos? E seria bom saber quem os dirige. Ainda que todos já o saibamos.

Os líbios de Sabha que estavam a ser atacados pelos Tbawe, vendo seus mortos e tendo poucas munições e armas, receberam a ajuda com esperança. Porém logo a esperança transformou-se em decepção e confusão.

Nenhuma pessoa normal pode aceitar jamais que vão às suas famílias, às mulheres e filhos, as arrastem para fora de suas próprias casas, as violem, matem e expulsem. Isso sim são crimes de guerra.

Enquanto a ONU, as leis internacionais e as organizações defensoras dos direitos humanos, dormem... Por quê?

A meta dos EUA é eliminar a cultura da Líbia, eliminar ao governo líbio, eliminar a grande rede tribal. Tudo isso para deter a sua força e converter a Líbia numa colônia dos EUA.

Como ocorre sempre, nos vamos deixando levar pelos meios de comunicação que pouco a pouco, queiramos ou não, nos arrastam ao 'inevitável'.

Quando os cidadãos comuns nos tornamos conscientes de que 'algo acontece' faz já anos que os EUA estão a trabalhar para criar o clima adequado e chegar aos seus objetivos.

Pudemos ver o 'trabalho' dos serviços secretos dos EUA, do controle da mídia, das mentiras, de como foram incitando as minorias fazendo-as parecer maiorias, como controlam a ONU, e como conseguiram 'convencer' os governos dos países da Otan a destruir com bombas um país que estava em seu melhor momento na História.

Vamos vendo dia a dia a destruição de todos os meios de comunicação líbios para poder controlar, enganar e manipular os líbios. Assim, controlando os meios líbios, estão a criar mal-entendidos entre as tribos.

Enquanto a Jamahiriyah governava, não lhes foram suficientes as manipulações da TV Al Jazeera, porque todas as informações se discutiam publicamente e os mentirosos ficavam em evidência. Agora pelo visto chegou a 'democracia' à Líbia e se utilizam meios 'democráticos' para desinformar a população.

Assim podem jogar com os Tbawe, com os líbios de Sabha e com o Ocidente, porque a mídia encobre os movimentos reais dos agressores da Líbia."

http://www.leonorenlibia.com/index.php?option=com_content&view=article&id=1082:ique-pasa-realmente-en-sabha&catid=10:catcron


KADAFI E UGANDA


Mais de 24 horas após a morte de Muamar Kadhafi, o Mundo ainda estava se dando conta do desaparecimento de um homem que fora chamado o Rei dos Reis da África. Em Uganda um número significativo de pessoas estava de luto pela perda de um benfeitor generoso. A relação de Kadhafi com Uganda era bem conhecida e estendia-se em plataformas sociais, políticas e econômicas. As contribuições mais simbólicas de Kadhafi a Uganda são a Mesquita Nacional Kadhafi, assentada sobre a colina de Kampala Velha, e o Palácio do Reino de Toro, no oeste de Uganda. Aqui a comunidade muçulmana dedica as orações da Juma à sua memória na Mesquita Nacional Kadhafi.

Este é um vídeo fundamentalista cristão anti-islâmico, mas serve para mostrar a Mesquita:




LIBERDADE DE EXPRESSÃO EM ISRAEL


10/06/2011: Um jovem judeu norte-americano indispõe-se com a polícia de Israel por se manifestar contra a ocupação israelense da Palestina e seus métodos nazistas.

sexta-feira, 30 de março de 2012

AUMENTA A PRESSÃO SOBRE SABHA


RATOS VASCULHAM OS ESCOMBROS DO BAIRRO TOBU DE HIJARA

"Mercenários e traidores de Bengazi e Misrata, aproximadamente 1000 criminosos do CNT-OTAN unem-se para irem morrer como estúpidos em Sabha..." http://libia-sos.blogspot.com.br/



HOMENAGEM A KADAFI - COM NASSER E OUTROS LÍDERES

http://www.algeria-isp.com/actualites/politique-libye/201203-A9724/libye-des-nouvelles-libye-mars-2012.html



ATENÇÃO: PODE ESTAR TUDO ERRADO !!!

Com base em testemunhos diretos de moradores, Leonor Massanet adverte que são incorretas muitas notícias sobre Sabha veiculadas nos blogs: A cidade não estaria sendo atacada por aviões, mas por canhonaços à distância. Os confrontos não seriam entre a Resistência e os ratos do CNT, mas de todos os líbios de Sabha contra um novo inimigo: mercenários vindos do Chad e do Sudão, não ligados aos ratos, e que pretendem tomar o Sul da Líbia.

(http://www.leonorenlibia.com/index.php?option=com_content&view=article&id=1079:sabha-28032012&catid=10:catcron)

Na visão de Leonor, tanto os ratos como os Tobu e o Exército Verde estão defendendo Sabha desses mercenários (obviamente armados pelo Ocidente). Faz sentido, pois os ratos não terão mais utilidade para o Imperialismo se houver forças mais capacitadas para combater a Resistência. Hoje os Tobu e o CNT estão discutindo uma trégua, em um local a 17 km de Sabha.

Por outro lado, é comum os ratos qualificarem de "mercenários vindos do Chad" os soldados verdes do Sul da Líbia, dos quais muitos pertencem a etnias que também existem nos países vizinhos. Oxalá possamos logo esclarecer a situação.

As coisas vão ficando confusas, e no começo desta semana o ministro da Defesa do CNT, um zintani, desertou voando para o Qatar, por causa da tomada de Sabha pelos Tobu. Esse ministro foi criticado pelas outras ratazanas do CNT por entrar em acordo com a tribo Warfala em Bani Walid, deixando-a governar a cidade depois de os ratos serem expulsos/eliminados pela Resistência.

Os ratos de Zintan vêm jogando um papel dúbio em relação ao CNT, combatendo as brigadas de Trípoli e de Misrata, e recusando-se a entregar seu prisioneiro Saif Al Islam Kadafi ao sistema "judiciário" do CNT. Parece que ultimamente desistiram de entregar ao CNT o controle do estratégico aeroporto de Trípoli como haviam prometido. Agora a demissão desse ministro só aumenta a cisão entre os zintanis e demais ratos. Anteontem a OTAN bombardeou um comboio de Zintan, e não foi a primeira vez. Disseram que foi por engano, pensando tratar-se do Exército Verde. Será?

O que é certo, por todos os relatos e imagens, é o grande número de mortos e feridos nos últimos dias em Sabha. Os ratos lotam os hospitais, e a Resistência vira-se como pode.

Nota-se também a extrema fraqueza política dos ratos, que só conseguem adiar o colapso de seu "governo" mediante pactos locais com as tribos, que no fim das contas são da Resistência. Cheque-mate.



A GUERRA DA INFORMAÇÃO NA SÍRIA


"O período de violência na Síria, infelizmente, não chegou ao fim. Apesar da ofensiva decisiva do exército sírio contra os auto-proclamados emirados islâmicos do país, agora se desenvolve uma estratégia de tensão feita de atentados e assassinatos.

Apesar do apoio diplomático russo e chinês, a interação com outras crises regionais (Irã, Líbano, Iraque, Turquia, Israel...) pode ocasionar uma intervenção militar da OTAN.

No entanto, o evento notável nesta nova expedição colonial é que a mídia não conseguiu 'vender' sua enésima 'guerra humanitária' tão facilmente como antes.

Isto é devido, naturalmente, à posição excepcional de oposição da Rússia e da China durante os debates na ONU.

Mas também pela atividade de muitos blogueiros e coletivos, como um núcleo centrado em torno da Rede Voltaire e do Centro Católico de Informação, que conseguiu realizar um trabalho paciente de re-informação sobre este conflito.

Aqui está um olhar interno da ação desse coletivo, que abriu também aos jornalistas 'mainstream' as portas desse país atravessado por uma grande crise, que alguns muito gostariam de ver desembocar em uma guerra civil."

http://stationzebravideo.id.st/#!/de-montage-syrien-un-film-a45673337


(dé)montage syrien por clap36

Um filme de Francesco Condemi
Versão original em Francês
Duração: 47 minutos
Operadora de câmara: Samira Sadi
Música Original: Michel Thibault e Renou Misja
Pós-produção: Jean-Sebastien Farez



UM FILME SOBRE "NUESTRA AMÉRICA"



"Homens Armados" passou despercebido na sua época, mas é imperdível. (Espanhol - leg. Inglês)

quinta-feira, 29 de março de 2012

RATOS BOMBARDEIAM SABHA


"Quinta-feira, 29/03/2012 às 20:32hs.: Mais de 20 mulheres foram mortas em Sabha esta tarde. O número de vítimas eleva-se a mais de 350 pessoas. Os aviões do CNT (Misrata) continuam as suas missões ofensivas sobre a cidade de Sabha e arredores." - http://lavoixdelalibye.com/?p=4167



RATOS ATACAM SABHA COM ARMAS PESADAS



A RESISTÊNCIA RESISTE EM SABHA



ALGERIA ISP / "Segundo Elmokawama Akhbar, violentos combates irromperam na região de Takerkiba, em Uadi El Hayate, entre combatentes Tobu e rebeldes da região que querem retornar para Sabha.

Em Benghazi, confrontos entre os jovens da região de El Selmani e os 'rebeldes', tiroteios e explosões.

Segundo a TV Al Arabia, os combatentes Tobu recusaram a trégua proposta pelo CNT, acusam o CNT de bombardear Sabha com aviões, e pedem uma investigação internacional deste crime hediondo."

http://www.algeria-isp.com/actualites/politique-libye/201203-A9714/libye-les-combattants-toubous-refusent-treve-mars-2012.html


ALGERIA ISP / "Segundo Elmokawama Akhbar, combatentes Tobu prenderam quatro 'rebeldes' na região de El Jadid.

Os 'rebeldes' bombardearam a cidade de Sabha com tanques e aviões de guerra, ferindo e matando civis na região de Hijara.

Um comboio de 'rebeldes' de Zenten segue para a cidade de Obary para fazer guerra aos Tuaregues, que os expulsaram da cidade e das plataformas de petróleo.

Os Tobu acabam de receber o reforço de um comboio de 150 picapes carregadas de armas e munições."

http://www.algeria-isp.com/actualites/politique-libye/201203-A9717/libye-convoi-150-pickups-toubous-arrive-renfort-sabha-mars-2012.html

CONTINUA A GUERRA EM SABHA


VITÓRIA TÁTICA: OS RATOS FOGEM


RESGATE DE UM COMPANHEIRO FERIDO PRÓXIMO AO 'SALÃO DO POVO' EM SABHA



REVELAÇÕES DE UM RATO CAPTURADO

http://vivalibya.wordpress.com/2012/03/26/captured-rebel-admits-that-women-and-girls-were-raped-and-mutilated/

Este rato de Misrata aprisionado pela Resistência alega que foi coagido a entrar nas brigadas "rebeldes" mediante ameaças à sua família. Conta en passant que participou do estupro e mutilação (cortaram os seios) de meninas, para castigar suas famílias "kadafistas".

Veja entrevista anterior em: http://defesadalibia.blogspot.com.br/2012/04/vida-de-rato.html



MAIS UMA HOMENAGEM A KADAFI




CANÇÃO SOVIÉTICA: "NA ALTURA SEM NOME"

Dmitriy Khvorostovsky canta a composição de V. Basner (Letra: M. Matusovsky)

quarta-feira, 28 de março de 2012

PASSEATA DA AL QAEDA EM SIRTE


23/03/2012: RATOS DE MISRATA ENTRAM EM SIRTE E DESFILAM COM BANDEIRAS DA AL QAEDA
(Depois a Resistência os atacou e recuperou uma parte da cidade. Os combates continuam.)


26/03/2012: RESISTÊNCIA RECHAÇA ATAQUE DOS RATOS A SABHA

(28/mar/12) "De acordo com novos relatórios a Resistência está agora no controle do aeroporto e alguns outros locais estratégicos em Sabha. Pelo menos 122 mercenários da OTAN foram mortos nas batalhas e cerca de 222 feridos." - http://ozyism.blogspot.com.br/2012/03/at-least-122-killed-and-222-injured-in.html

"Pelo menos um bombardeio foi testemunhado nos arredores de Sabha (relatado por 'Aisha Ali'). Os aviões atacaram a população tuaregue, que está defendendo suas cidades contra os bandidos da OTAN. Foram fechadas todas as instituições de ensino em Sabha, incluindo a universidade, devido ao uso de armas pesadas pelos ratos em áreas residenciais e aos bombardeios.

A Resistência conseguiu capturar muitos veículos blindados dos mercenários que fugiram durante 3 dias de combates em Sabha." - http://ozyism.blogspot.com.br/2012/03/nato-mercenaries-start-bombing-sabha.html

ALGERIA ISP / "De acordo com Akhbar Kofra Hora (pró-CNT), um comboio de combatentes da tribo Tobu partiu da cidade de Katroune para Sabha, para reforçar a Resistência."
http://www.algeria-isp.com/actualites/politique-libye/201203-A9677/libye-des-news-front-sabha-mars-2012.html

"Em Marzak [Murzuq], no sul da Líbia, combatentes Tobu da Resistência tomaram os arsenais dos ratos e apreenderam as suas armas e picapes."
http://www.algeria-isp.com/actualites/politique-libye/201203-A9678/libye-les-avions-guerre-cnt-bombardent-ville-sabha-mars-2012.html

"Os Tobus fecharam todos os postos de gasolina na região de Marzak até Katroune. A clínica El Afia em Kufra começa a receber os ratos feridos porque o hospital de Sabha está saturado."
http://www.algeria-isp.com/actualites/politique-libye/201203-A9675/libye-des-blesses-evacues-kofra-mars-2012.html



BANI WALID LIVRE DE RATOS - 24/03/2012

http://libia-sos.blogspot.com.br/



Incêndio no mercado Al Akremia em Trípoli - 23/03/2012







CONFRONTOS EM SABHA


"Ontem os ratos tomaram o aeroporto de Sabha, destruíram dois aviões e tomaram algumas granjas nos arredores do aeroporto. Neste momento o povo de Sabha recuperou o aeroporto e ouvem-se poucos tiros." (27/03/2012)
http://www.leonorenlibia.com/index.php?option=com_content&view=article&id=1075:usa-continua-ataque-a-sabha&catid=10:catcron


Exército Verde e voluntários defendem Sabha, 26/03/2012

Mais de 150 combatentes da Resistência foram mortos em Sabha nos últimos dias, segundo Leonor Massanet, em um ataque coordenado dos ratos, e não em uma disputa tribal como pretendem o CNT e a mídia.

É grande o número de ratos mortos e feridos, a ponto de não caberem no hospital de Sabha. Muitos feridos foram transportados para Trípoli de avião.

http://www.algeria-isp.com/actualites/politique-libye/201203-A9657/libye-des-videos-des-combats-sabha-mars-2012.html


PROSSEGUEM COMBATES EM KUFRA

Soldados do Exército Verde em uma área liberada de Kufra. Os ratos recuperaram o aeroporto e parte da região.



Ratos destróem o porto de Derna [para protestar contra o CNT?]




GIBI:

HISTÓRIA DA LÍBIA E DA REVOLUÇÃO VERDE:




LEIA EM:  http://ja-za-kaddafi.livejournal.com/994302.html

terça-feira, 27 de março de 2012

KADAFI E O MALI


Discurso do Líder Líbio ao seu Povo, registrado em 02 de Março de 2012:

"Estamos vivos, resistindo e lutando. Não há nenhum problema, eu estou com vocês na revolução do Povo, a resistência continuará... Invoco ao Povo Líbio: 'Avante a Revolução! A luta continua!'"

"Esta gravação tem circulado na Líbia e devia ter sido divulgada em 2 de Março, data da Proclamação do Poder do Povo, mas houve contratempos. Nela, Kadafi ri dos que dizem que o mataram." (http://libia-sos.blogspot.com.br)

(Ref.: Mensagem de Hamsa Touhami em http://defesadalibia.blogspot.com.br/2012/03/bengazi-em-chamas.html)


DA VILA VUDU:


Mali: o sangue invisível da ‘Primavera Árabe’


23/3/2012, Derek Henry Flood, Asia Times Online
http://www.atimes.com/atimes/Middle_East/NC24Ak01.html

Derek Henry Flood é jornalista independente, especializado em questões do Oriente Médio, Sul e Centro da Ásia. Desde 11/9, cobre no front, os conflitos nessas regiões.
Seu blog (“A guerra é o único modo que se conhece de ensinar geografia aos norte-americanos”)
está em
 http://the-war-diaries.com/ e tuíta de @DerekHenryFlood 

“O honrado Muammar Al-Gaddafi sempre pensou a África unida. Viva Gaddafi!”
(abm_ww3, comentário de internauta, na página de
 ATol, 23/3/2012) 

“É negro! É africano!” – disse um exultante miliciano armado, na Líbia, ao jornal Asia Times Online, ao descrever um suposto cidadão do Chade, de um grupo de combatentes pró-Gaddafi capturados depois da vitória dos ‘rebeldes’, logo depois da primeira batalha de Brega, dia 2/2/2011.

Brega, onde há grande terminal de embarque de petróleo, a oeste de Benghazi, foi importante, não só por ter sido a primeira vitória militar bem clara dos ‘rebeldes’, que avançavam na direção leste, rumo a Benghazi, mas, também, porque foi onde os ‘rebeldes’ começaram a distribuir declarações aos jornalistas sobre o papel dos africanos subsaarianos naquela guerra; declarações que, vez ou outra, aproximavam-se da histeria.

Por mais que o conflito líbio em 2011 possa ser considerado semelhante às revoluções na Tunísia, Egito, Bahrain e em outros pontos do mundo árabe, como mais um front de uma sempre crescente ‘Primavera Árabe’, logo ficou bem claro que a Líbia – pela realidade geográfica e pela história política – jamais foi conflito só árabe: sempre foi conflito também africano.

O muito que se disse sobre o papel de africanos subsaarianos na guerra líbia pareceu mais propaganda que fato, em vários pontos, porque praticamente sempre era impossível verificar, de fonte independente e fidedigna, a veracidade das declarações dos ‘rebeldes’. Sem dúvida, sempre houve muitos negros africanos no teatro líbio, mas a maioria deles eram trabalhadores migrantes encorajados a buscar trabalho na Líbia, pelas políticas de Gaddafi, políticas que sempre proclamaram a “irmandade” entre os líbios e os vizinhos do sul; ou eram atraídos para a Líbia simplesmente pela relativamente grande riqueza da Líbia, derivada do petróleo e de laços econômicos que Gaddafi sempre cuidou de renovar com um Ocidente sempre oportunista.

Empresas e governos ocidentais, seguidos pelos autocratas russos e chineses, não se cansavam de procurar negócios com a Líbia de Gaddafi pós-sanções. A imagem de Gaddafi foi então habilmente reabilitada, até convertê-lo em alguma espécie de liberal secular – depois de a desastrada invasão do Iraque ter criado o “Cachorro Louco do Oriente Médio”, pelo prisma de uma visão de mundo ferozmente neoconservadora que então dominava os negócios internacionais.

Houve também os que simplesmente esperavam atravessar a Líbia a caminho das costas italianas e da então aparentemente riquíssima União Europeia, do outro lado do Mediterrâneo. Dado o longo alcance da artilharia e dos atiradores hiper treinados de Gaddafi, raramente os jornalistas conseguiram aproximar-se suficientemente do exército líbio, para conhecer-lhe a composição étnica. Com isso, noticiaram-se em todo o mundo, como verdade, as conjecturas dos ‘rebeldes’, além de grande quantidade de mentiras, todas da mesma fonte, sobre quantos, no exército de Gaddafi, seriam “mercenários” africanos negros.

Em meio a esse caos generalizado, africanos negros inocentes foram presos, torturados, muitos foram mortos, depois de facilmente estigmatizados como “mercenários” que estariam a serviço de Gaddafi. Tornaram-se alvos do ódio dos ‘rebeldes’, de ataques xenófobos e racistas, e de cega ignorância sobre quem fosse ‘o outro’. Também foram vítimas de uma supersimplificação da dimensão étnica, no conflito líbio.

Asia Times Online viu muitos oficiais, soldados e comandantes, negros originários das regiões subsaarianas, lutando e, em vários casos, comandando ataques, contra o exército de Gaddafi, alistados ao lado dos ‘rebeldes’ do Conselho Nacional de Transição da Líbia (CNT) [orig. The National Transitional Council of Libya (NTC)], nos combates por Brega, Ras Lanuf e na região de Jebel Nafusa. O CNT criou uma campanha de propaganda esquizofrênica, em que sua luta era apresentada como “superior às diferenças raciais” – por mais que se visse que a campanha, de fato, só fazia difundir critérios pesadamente racistas, sempre que denunciava que ‘o inimigo’ explorava soldados africanos negros.

Nos conflitos que dilaceram esse início do século 21, nenhuma guerra se trava no vácuo. Armas, materiais e homens circulam através de fronteiras sempre porosas, cenários sempre precários de ‘mudança de regime’ impostos de fora e, por todo o mundo em desenvolvimento, rolam cabeças de ditadores. Virtualmente todos os atores, estatais e não estatais, trocam farpas sobre os respectivos oponentes servirem-se dos chamados ‘combatentes estrangeiros’, sempre com o objetivo de apresentarem-se, cada um e todos, como vítimas de ‘mercenários’; e, ao mesmo tempo, para esvaziarem  objetivos supostamente locais ou nacionais dos respectivos inimigos, em cada guerra.

O coronel Gaddafi sempre manteve cidadãos de outras nacionalidades alistados e incorporados ao exército líbio. Mas o papel desses africanos no exército líbio está longe de ser conhecido (e ainda mais longe de ser entendido) no Ocidente. Gaddafi sempre se manteve integrado e atento a vários conflitos em todo o continente africano. Com isso, tornou-se interlocutor indispensável na conciliação de diferenças por todo o continente. Até ser arrancado, ferido, de uma entrada de esgoto, nos arredores de Sirte, para ser sumariamente assassinado por ‘rebeldes’ do CNT, jubilosos, dia 20/10/2011.

Gaddafi sempre soube posicionar-se habilmente como conciliador de conflitos em muitas regiões instáveis na África, muitas vezes armando grupos e, em todos os casos, armado de sua retórica incendiária sobre uma revolução permanente no Terceiro Mundo.

Hoje, cinco meses depois de uma guerra sanguinária para derrubar Gaddafi, golpes comandados pela OTAN e pelo Conselho de Cooperação do Golfo já ameaçam destruir ou, pelo menos, cindir, também a frágil e vacilante República do Mali [1], cujo presidente foi derrubado, ao que tudo leva a crer, por golpe militar, na capital, Bamako, ontem, 5ª-feira, pela manhã [2].

Quando a nave de Gaddafi já dava sinais de naufrágio iminente, combatentes de etnia tuaregue, cidadãos do Mali e da Nigéria, começaram a retornar aos seus respectivos territórios no Saara, já então armados até os dentes com armas que receberam ou saquearam, na Líbia. O estado do Mali, que, de 1992 até o início dessa semana, era governado pelo presidente Amadou Toumani Toure, enfrenta hoje ameaça de segurança praticamente insuperável, brotada no Norte (ao qual o governo praticamente não chega), de ataque vindo pela fronteira, do sul da Argélia, em golpe reivindicado por grupo insurgente autodenominado Movimento Nacional para a Libertação do Azawad, MNLA).

Imagens já distribuídas mostram o MNLA em estradas que cortam o norte saariano do Mali, em veículos idênticos aos do exército líbio, marca Toyota Hi-Lux blindados, e armados com armas de origem soviética. O MNLA luta para dividir a República do Mali e criar nova nação, Azawad; o grupo já atacou cidades e acampamentos militares ao longo das fronteiras com o Niger, a Argélia e a Mauritânia, criando milhares de refugiados e de desertores (soldados do Mali que buscam refúgio na Argélia).

A crise atual começou dia 17 de janeiro, quando o MNLA atacou a cidade de Menaka, no leste do Mali. Efeito da guerra do Ocidente contra a Líbia, o conflito naquela região do Mali tem potencial para desestabilizar vastas regiões do Saara e do Sahel, além do caos que já está criado no Mali. Pode-se dizer, em termos gerais, que aí rola o sangue invisível da ‘Primavera Árabe’, que já escorre para o centro da África. E Gaddafi, egocêntrico, intratável, instável que fosse, já não é encontrável, para mediar essas disputas africanas mortais, como sempre fez.

Como reação à impotência do presidente Toure, em seus últimos dias no governo, um grupo de militares rebelou-se, liderados por um capitão do exército, Amadou Sango, e autodenominado Comitê Nacional para a Restauração da Democracia e do Estado (CNRDRE) [fr. Comité National pour la Restauration de la Democratie et la Restauration de l'Etat].  O CNRDRE anunciou que suspendeu a vigência da Constituição do Mali e diz ter prendido vários ministros do governo em Bamako, numa das ações revolucionárias iniciais.

Nada disso augura bom futuro para o Niger, vizinho do Mali e da Líbia, que padeceu seu próprio golpe em 2010 e enfrentou rebelião dos tuaregues no norte, entre 2007-2009. Com Gaddafi, podia-se pensar em conciliação. Sem Gaddafi, esses estados fragilizados terão de recorrer a corpos supranacionais, como a União Africana e a Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental [Ing. Economic Community Of West African States (ECOWAS)], para tentar acertar seu contencioso.

No Niger, foi preso um conhecido líder tuaregue rebelde, Aghali Alambo, que liderou rebelião armada contra o governo central em Niamey, de 2007-2009. Alambo foi um dos principais comandantes do Movimento dos Nigerianos pela Justiça (MNJ) [fr. Mouvement des Nigériens pour la Justice], que muito trabalho deu ao consórcio Areva, liderado por empresas francesas, que explora minas de urânio no Niger.

Os tuaregues, os tubus e outros grupos minoritários de pastores tradicionalmente nômades  que circulam pelo norte montanhoso do Niger dizem não saber de nenhum benefício que lhes tenha chegado, ou às suas comunidades ou criações, nem mesmo depois que o preço do urânio alcançou cotação altíssima nos mercados internacionais.

Depois que Gaddafi interveio nos confrontos dos tuaregues no Niger, Alambo foi exilado para Trípoli, bastante convenientemente, porque se sabe que se tornou confidente e consultor militar de Gaddafi. A polícia nigerina não tem dúvidas de que Alambo coordenou o contrabando de quantidade substancial de explosivos, da Líbia para o Niger, pouco antes de ser preso.

Gaddafi, embora nunca tenha estimulado (e sempre reprimiu) as aspirações de independência da minoria amazight na Líbia (conhecidos como berberes), sempre apoiou as lutas de libertação de minorias, por toda a África. Por isso, os tuaregues do Niger preservam a lealdade que os aproximava do falecido líder líbio – lealdade que se manifesta hoje no dilema sobre o destino de Saadi Gaddafi e de três altos comandantes militares líbios que se refugiaram no Niger depois da queda de Trípoli, no final de agosto passado. Oficialmente, Niamey diz que não extraditará Saadi para uma Líbia governada pelo CNT, sobretudo depois do tratamento sacrílego e desrespeitoso que milicianos do CNT deram ao cadáver de Gaddafi.

O Niger, um dos países mais pobres do mundo em números absolutos, incapaz de prover  alimento sequer aos seus cidadãos, converteu-se assim em campeão da defesa de direitos humanos para prisioneiros de guerra. Mas, sob a superfície, o Niger também enfrenta graves problemas de instabilidade e insegurança.

O Niger não se pode arriscar a quebrar o acordo tácito de paz que Gaddafi negociou com os tuaregues e outros grupos de oposição ao regime, e que permanece vigente desde 2009. O país não quer incitar os tuaregues a novas rebeliões. Mas esse é risco bem real, caso o affair Saadi Gaddafi não seja adequadamente encaminhado pelas vias que os tuaregues exigem. Além disso, também os militares do Niger estão muito justamente indignados pelo modo como as milícias armadas do CNT têm tratado cidadãos do Niger; e não lhes agradam nem a onda de emigrados obrigados a voltar ao país de origem nem a evidência de que muitos funcionários do regime Gaddafi continuam como prisioneiros do sistema ‘judiciário’, clandestino e ilegal, do Conselho Nacional de Transição Líbio.

Vários estados independentes na África Ocidental nos quais vivem tuaregues já há muito tempo enfrentam o problema da rebelião desses grupos nômades. Muammar Gaddafi sempre foi exímio na arte de fazer render a seu favor as históricas reivindicações dos tuaregues, ao mesmo tempo em que também acumulava trunfos positivos, como pacificador, entre os líderes da África negra, sempre que conseguia conter, por acordos, as insurreições dos tuaregues.

Agora, o presidente Toure do Mali (que declarou que se mantém no poder, com um grupo de soldados leais; e o qual, de um modo ou de outro, será substituído nas próximas eleições presidenciais que devem começar no final do mês de abril) – e o co-presidente do Niger no governo do presidente Mahamadou Issoufou, hoje na oposição –  terão de tratar com os líderes insurgentes, agora sem a mediação de Gaddafi.

Para complicar ainda mais todas essas questões, há o espectro do grupo Al-Qaeda in the Islamic Maghreb (AQIM [Al-Qaeda no Maghreb Islâmico]). O grupo AQIM é descrito dos mais diferentes modos; para alguns, seria uma franquia norte-africana da al-Qaeda; para outros, uma elaborada cobertura para grupo criminoso transnacional que opera com sequestros e resgates e tráfico massivo de drogas; para ainda outros, dentre os quais jornalistas e acadêmicos de mentalidade mais conspiratória, seria operação de fachada, sob a qual se ocultaria o Departement du Renseignement et de la Securité, DRS (que coordena os serviços secretos argelinos).

No conflito no Mali, os dois lados têm lançado as acusações mais furiosas e mais sem fundamento, uns contra os outros, em tudo quanto tenha a ver com o papel da AQIM na Região. O MNLA declarou que parte da causa de lutarem para criar o estado de Azawad, como estado independente, é livrarem-se, o mais possível, da AQIM. Simultaneamente, Bamako ‘declara’ que o MNLA está associado à AQIM, para impor um ramo violento de islamismo no norte do Mali.

A agenda do MNLA não deve ser confundida com o que diz um grupo de fundamento mais religioso e menor, chamado Ancar Dine ou Ancar Din (‘Defensores do Islã’/‘Defensores da religião’, em árabe), grupo islâmico comandado por Iyad ag Ghali, um dos líderes mais destacados de uma rebelião tuaregue nos anos 1990s, que se proclamou em luta para implantar a lei da Xaria nas conturbadas regiões do norte do Mali. Iyad é salafista, já se aproxima dos 90 anos, e foi, toda a vida, militante tuaregue rebelde; Iyad declarou recentemente que seus homens atualmente não lutam para a libertação do estado imaginário de Azawad, mas pelo estabelecimento da República Islâmica do Mali.

Contra esse discurso pró-Xaria, o MNLA lançou um comunicado oficial, do porta-voz do grupo, que vive em Paris, Mossa ag Attaher; nos termos desse comunicado, o objetivo dos rebeldes é exclusivamente dividir o Mali e criar o estado independente de Azawad; e garantiu que nenhum compromisso de caráter religioso seria incluído na plataforma do movimento, que tem caráter secular. A agenda religiosa do grupo Ancar Dine para o Mali tampouco se confunde com a agenda da AQIM de Ayman al-Zawahiri, que tem base na Argélia.

Até anteontem, 5ª-feira, talvez ainda fosse possível pintar a situação no Mali como específica desse país, no máximo com algum respingo de refugiados para os estados vizinhos. Mas ontem, soldados do Mali egressos da Líbia, que sofreram nos ataques da OTAN e nas prisões do CNT em Trípoli, levantaram-se contra o governo local, no acampamento militar de Kati, a apenas 20 km da capital do Mali, Bamako.

A tensão naquele acampamento escapou de qualquer controle, depois de uma visita do ministro da Defesa, Sadio Gassama, planejada para discutir com os soldados rebelados a questão de o exército não contar com armamento apropriado para enfrentar as armas líbias, muito mais pesadas, com que conta o MNLA. O carro do ministro foi apedrejado por soldados amotinados, e o ministro teve de fugir do local. Depois disso, os amotinados tomaram a rádio e a estação de televisão estatais no centro de Bamako. Os relatos ainda são conflitantes; para alguns analistas, tudo não teria passado de motim concentrado num determinado contingente militar; para outros, tratou-se de tentativa, que pode ter sido bem-sucedida, de assumir o controle do palácio do governo.

Pelo Twitter, em declaração dita oficial, o presidente Toure declarou enfaticamente que não se tratou de tentativa de golpe; mas a agência Reuters, citando funcionário não identificado do Ministério da Defesa, confirmou que, sim, houve tentativa de invadir o palácio e assumir o controle militar do país. Na 5ª-feira pela manhã, o CNRDRE anunciou, pela rede estatal de televisão, que assumira o controle do país; e que o presidente teria sido deposto. Até o momento de redigir essa matéria, o presidente Toure continuava a repetir que permanecia em local seguro, e no comando do país.

Seja como for, ainda que se confirmem as notícias de que o CNRDRE assumiu o controle da capital do Mali, nada significará em relação a regiões do norte, leste e noroeste do país, que continuam controladas pelos rebeldes do MNLA.

O que é certo, em todos os casos, é que a ‘Primavera Árabe’ já derrubou seu primeiro líder africano. Mas, diferente dos clássicos ‘Grandes Homens’ africanos, quase sempre autocráticos, o presidente Toure foi democraticamente eleito, estava nos últimos dias do mandato e tudo fazia crer que o Mali conheceria uma transição pacífica de governo.

No Mali, Toure é chamado “soldado da democracia”, em referência ao golpe que comandou, em 1991, para transformar o Mali, de ditadura militar, em governo razoavelmente representativo e democrático. Diferente do governante do Niger, presidente Mamadou Tandja, que foi derrubado em fevereiro de 2010, ao tentar emendar a constituição e criar para si um mandato prolongado, o presidente Toure do Mali parecia estar fazendo bom trabalho, na preparação das eleições marcadas para começar dia 29 de abril.

O Mali enfrentará problemas cada dia mais graves – dentre os quais, os legiões de emigrados que não param de voltar da Líbia, de onde trazem armamento pesado; e um exército local desorganizado, de soldados amotinados e com a moral muito baixa, depois de algumas derrotas estratégicas, como a perda da base e do aeroporto militar da cidade de Tessalit, no norte.

Agora, depois da captura do chefe da inteligência de Gaddafi, Abdullah Senussi, na Mauritânia, quando desembarcava de um voo que chegava de Casablanca, Marrocos, portando passaporte falsificado do Mali, já não há como não ver que a ‘mudança de regime’ na Líbia começa a reverberar por toda a África, com efeitos, no mínimo, sobre o futuro próximo.

Depois dos eventos tectônicos da 4ª e 5ª-feiras na capital do Mali, já não cabem dúvidas de que os efitos da campanha da Líbia, apoiada e comandada pelo ocidente, já começam a estender-se, do Norte da África, para a região que, bem claramente, é o oeste do continente africano.
___________________________________________________
[2] 23/3/2012. No Brasil, onde os jornais e ‘correspondentes’ só fazem repetir noticiário requentado das agências ocidentais, o que se lê no “Portal Terra”, é mais do mesmo: “Sarkozy, Obama, Hillary Clinton, União Europeia, ONU” e demais suspeitos-de-sempre condenaram vigorosamente o “atentado à democracia no Mali” (em http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI5680732-EI294,00-Golpe+no+Mali+ao+menos+mortos+presidente+Toure+em+Bamaco.html [NTs].

terça-feira, 20 de março de 2012

RATOS QUEREM MATAR A LÍBIA DE SEDE



ALGERIA ISP / "Segundo Elmokawama Akhbar, na manhã de 19 de Março de 2012, um grupo de rebeldes do batalhão '28 de Maio', sob comando de Ambarek Salah Bin Laden e Mohamed Bachir Toti, realizou uma operação de sabotagem contra o aqueduto 'Grande Rio Artificial' em Wadi Dinares.

Essa sabotagem foi sincronizada com a visita da delegação da Organização das Nações Unidas a Bani Walid.

Esse ato criminoso foi planejado para manchar a imagem pública de Bani Walid. Essa cidade é considerada a mais segura em comparação com outras cidades líbias [é governada pela tribo Warfala e não pelos ratos].

Entende-se que essa paz e tranquilidade não são apreciadas pelo batalhão rebelde '28 de Maio', que quer manchar a imagem de Bani Walid diante da opinião pública líbia e internacional.

http://www.algeria-isp.com/actualites/politique-libye/201203-A9425/libye-les-rebelles-sabotent-pipe-line-approvisionnement-eau-riviere-artificielle-bani-walid-mars-2012.html


BANI WALID - Declaração da tribo Warfala sobre a explosão do aqueduto "Grande Rio Artificial":

"Não foi uma falha técnica, foi uma sabotagem. Eles estão tentando erradicar toda a cidade, não se importando com as crianças, nem com as que eles já deixaram órfãs!"

http://libyasos.blogspot.com.br/2012/03/report-libya-19-march-2012.html



OZYISM PERDE A PACIÊNCIA COM A AL-JAZEERA !!!

(E NÃO É PARA MENOS)

Al-Jazeera: Porta-voz do "porco gordo do Qatar"

20/mar/12

"Os comentaristas  da Al-Jazeera são na maior parte espectadores da Al-Jazeera. Eu não acho estranho que quase todos os espectadores tenham uma visão unilateral do que está acontecendo na Síria.

Os comentaristas da Al-Jazeera afirmam que há uma revolta na Síria, mas recusam-se  a mencionar o financiamento de mercenários terroristas e propaganda pelos EUA, que significa que não é uma revolta, mas sim uma tentativa de golpe por um inimigo da Síria.

Os Estados Unidos do Terror admitem abertamente o financiamento de mercenários terroristas na Síria há meia década, os mercenários na Síria admitem abertamente que os EUA e os seus Estados clientes estão fornecendo-lhes armas, os mercenários aberta e publicamente enforcam qualquer um com uma visão diferente da deles, tudo isso ficou estabelecido. O mesmo foi feito na Líbia. É a vitória pelo terror, carnificina e horror, exportados para uma nação pacífica a fim de reduzir o povo à submissão.

A Al-Jazeera e outras empresas de propaganda são utilizadas para dividir a nação-alvo e enfraquecer a sua moral, para tornar mais fácil realizar as agendas dos inimigos da Síria.

Nada disso é uma conspiração. São fatos, e nem mesmo os observadores da Liga Árabe puderam negar a verdade. Os mercenários dos EUA ficaram tão indignados com a 'missão de averiguação', que executaram publicamente um sírio apenas por falar com os observadores da Liga Árabe e manifestar o seu ponto de vista sobre a crise síria. [veja aqui]

Esta é a realidade que, na maioria, os espectadores da Al-Jazeera se recusam a ver, ou por má intenção, ou por serem ignorantes demais para ver, porque a Al-Jazeera continuamente os alimenta com o mesmo lixo com que os alimentou sobre a Líbia.

Agora olhando para a Líbia, parece que o lixo está se acumulando, as mulheres sendo estupradas, homens torturados, manifestantes pacíficos massacrados, cidades apagadas do mapa, tribos inteiras sendo expulsas, tudo gravado na câmera. Agora a única opção que os mercenários da OTAN têm para se manterem ignorantes é enfiar as cabeças nas próprias bundas, eu não consigo imaginar outra maneira."

http://ozyism.blogspot.com.br/2012/03/al-jazeera-fat-pig-of-qatars-mouth.html



ONGs não conseguem mais ignorar, então atenuam

1) A Anistia Internacional quer que a OTAN investigue as mortes de 55 civis nos bombardeios de Trípoli, Zliten, Majer, Brega e Sirte em 2011, e providencie reparação às famílias das vítimas. É claro que apenas uma morte já deveria ser motivo para investigação, mas querer que a OTAN se responsabilize pela morte de apenas 55 pessoas, tendo massacrado tantas dezenas de milhares, é de suscitar reação semelhante à de OZYISM acima. O nome dessa famigerada ONG devia ser Amnésia Internacional. Leia (em Inglês) em:
http://nsnbc.wordpress.com/2012/03/20/amnesty-and-the-nato-cover-up-of-war-crimes-in-libya/

2) O HRW (Human Rights Watch) enviou uma cartinha aos comandantes "rebeldes" da Síria pedindo que orientem os seus subordinados para não praticarem atrocidades como torturar e executar prisioneiros, ou seqüestrar pessoas para cobrar resgate ou por "razões políticas" como ser xiita ou alauíta. Diz que compreende que nem todos esses crimes terão sido praticados por comandados seus, inocentando-os assim antecipadamente, e ressalva, referindo-se ao governo, que "ambos os lados cometeram atrocidades". Menciona com mal-disfarçada irritação os vídeos de atrocidades divulgados pelos próprios "rebeldes", que naturalmente atrapalham o esforço dessas ONGs em empulhar o Mundo. Leia a carta e o artigo (em Inglês) em:
http://www.hrw.org/news/2012/03/20/open-letter-leaders-syrian-opposition e http://www.hrw.org/node/105885



"O Mártir Muammar Gaddafi"

http://www.algeria-isp.com/actualites/politique-libye/201203-A9463/libye-rebelle-tue-par-sniper-vert-mars-2012.html



RETROSPECTIVA: "MANIFESTANTES PACÍFICOS"


RATOS DE ZINTAN


NA FORTALEZA DOS MERCENÁRIOS DA OTAN

segunda-feira, 19 de março de 2012

MENSAGEM CIFRADA



ALGERIA ISP / "Segundo Dhida Yawme, A Resistência distribuiu seis mensagens a todos os seus combatentes. Estas são provavelmente instruções de novas operações em toda a Líbia. Agora a Resistência está organizada e tira vantagem do caos na Líbia e da desmotivação dos rebeldes, para lançar operações em larga escala."

http://www.algeria-isp.com/actualites/politique-libye/201203-A9414/libye-communique-code-resistance-verte-combattants-mars-2012.html


ALGERIA ISP / "Segundo Akbar Tajamoe Lithowar Elfateh Eladim Wa Elhadaba, em uma operação especial realizada por combatentes do batalhão 'Sawalim Siriya Osoud Eldhalam' no sul da Líbia, os combatentes da Resistência conseguiram capturar 8 pick-ups equipadas de metralhadoras pesadas tipo 14,5 mm, uma camioneta equipada com canhão de 106 mm, 23 carros, 17 Kalachnikovs, 12 rifles automáticos e 6 RPGs.

Os combatentes da Resistência mataram 24 rebeldes de Zenten  e prenderam 2. Infelizmente,  três mártires caíram no campo de batalha: o comandante do batalhão, Tahar Ali Ahmed; Mahmoud Mustafa Salaam e Khayr Abu Bakr."

http://www.algeria-isp.com/actualites/politique-libye/201203-A9423/libye-une-operation-resistance-sud-libyen-mars-2012.html


ALGERIA ISP / "Segundo Akbar Tajamoe Lithowar Elfateh Eladim Wa Elhadaba, combatentes do batalhão 'Sakr Elawhed' da Resistência Verde realizaram uma nova operação, libertando 32 presos das forças armadas da resistência popular, incluindo 3 mulheres, de um campo de prisioneiros na região de Aoune Ben Khala.

Nessa operação, os combatentes da Resistência mataram sete rebeldes, enquanto todos os outros fugiram, deixando as suas armas."

http://www.algeria-isp.com/actualites/politique-libye/201203-A9422/libye-une-grande-operation-resistance-verte-mars-2012.html


ALGERIA ISP / "Segundo Dhida Yawmea, em Tripoli,  prosseguem confrontos violentos com armas leves na região de Abou Salim atrás do hospital El Khadra entre rebeldes do batalhão Aghiou e o batalhão rebelde de Damour. Cada batalhão quer essa região como botim de guerra.

Em Sabha, confronto entre o batalhão rebelde El Kaekae e o comando militar do CNT. A sede do CNT foi fechada.

Em Bengazi prosseguem protestos de rua contra a divisão da Líbia."

http://www.algeria-isp.com/actualites/politique-libye/201203-A9413/libye-des-affrontements-abou-slim-sabha-des-morts-des-blesses-mars-2012.html


ALGERIA ISP / "Segundo Dhida Yawme, os combatentes do batalhão 'Sakr Elawhed' da Resistência Verde realizaram uma nova operação para defender a Líbia, entrando em uma casa em Trípoli ocupada por um grupo de espiões líbios e ocidentais.

Este grupo espionava os cidadãos líbios, especialmente a Resistência. Os combatentes do batalhão 'Sakr Elawhed' mataram quatro rebeldes líbios e dois ocidentais."

http://www.algeria-isp.com/actualites/politique-libye/201203-A9405/libye-une-nouvelle-operation-bataillon-sakr-elawhed-espions-occidentaux-tues-mars-2012.html



SÍRIA: ENTREVISTA COM LIZZIE PHELAN
(Clique em CC)



10/02/2012

Vida Desperta - Alex Jones

sábado, 17 de março de 2012

A LÍBIA DOS RATOS


http://www.leonorenlibia.com/index.php?option=com_content&view=article&id=1037:libia-hoy&catid=10:catcron

Obama, Sarcozy, Cameron, Jalil, OTAN e ONU, vocês são uma desgraça para a Humanidade !!!

"Órfãos vendendo chicletes nos cruzamentos, lixo espalhado, mendigos, moradores de rua [parece o Brasil, né?], casas sem eletricidade nem água, racionamento de combustível, gangues com armas pesadas,  doenças, parasitas, falta de comida e água potável, crianças mordidas por baratas, as pessoas não têm dinheiro para comprar comida e os preços dispararam. Tudo isso o maníaco Jalil conseguiu com suas mentiras. Que vídeo deprimente! A culpa é de Jalil, o rato. E agora surgiu uma nova cepa da doença SAAT-2, que está varrendo os rebanhos do país."


"APROXIMA-SE A HORA DA VIRADA... A vitória está à mão com a ajuda de Deus, e felizmente Deus é grande"

http://www.leonorenlibia.com/index.php?option=com_content&view=article&id=1035:cancion-enviada-por-al-mukawma&catid=17:catcanc



CHINA APÓIA DIPLOMACIA BRASILEIRA


Proteção responsável

15/3/2012, Ruan Zongze, China Daily, Pequim - trad. Vila Vudu
http://usa.chinadaily.com.cn/opinion/2012-03/15/content_14838556.htm

Ruan Zongze é vice-presidente do Instituto Chinês de Estudos Internacionais.

Qualquer intervenção humanitária autorizada pela ONU deve procurar proteger civis inocentes. Em nenhum caso pode buscar mudança de governo.

Em anos recentes, o “neo-intervencionismo” ocidental sob a bandeira da “responsabilidade de proteger” tem causado tremenda controvérsia na arena internacional. Como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, a China deve defender, inequivocamente, a “proteção responsável”.

A doutrina da responsabilidade de proteger, que visava a impedir genocídios, crimes de guerra, limpeza étnica e crimes contra a humanidade, foi exposta pela primeira vez pela Comissão Internacional sobre Intervenção e Soberania do Estado do Canadá, em relatório apresentado à ONU em 2001. Em seguida, foi incluída no Documento Final da Cúpula Mundial de 2005.

No início de 2011, forças multinacionais lideradas pela OTAN lançaram ataques aéreos contra a Líbia e provocaram uma mudança de regime. Para o Ocidente, teria sido a primeira implementação da responsabilidade de proteger.

A partir dos anos 1990s, o Ocidente introduziu uma gama de idéias, entre as quais, ”intervenção humanitária”, “direitos humanos acima da soberania” e “excepcionalismo”, na tentativa de construir alguma base teórica para intervir em assuntos internos de outros países. “Responsabilidade de proteger” é apenas uma idéia a mais, nessa lista.

Apoiadores da responsabilidade de proteger argumentam que a intervenção armada seria “responsabilidade moral”, dado que seria feita por “razões humanitárias”. Mas, na prática, como a Líbia mostra claramente, a intervenção armada jamais foi além de busca de hegemonia, em nome da humanidade.

O ex-presidente da Assembléia Geral da ONU, Miguel d'Escoto Brockman, diplomata nicaragüense, disse que a suposta imparcialidade que haveria na responsabilidade de proteger não passa de disfarce para legitimar a intervenção armada pelas ricas potências ocidentais, em países pobres. E que o nome correto para aquele conceito seria “direito de intervir”.

Como a Líbia já demonstrou, a responsabilidade de proteger pode ser usada perversamente para forçar mudança no governo de um país – e esse movimento é claramente oposto aos objetivos da Carta da ONU, ao princípio da soberania nacional e ao princípio da não-interferência em assuntos nacionais internos.

A quem responsabilizar pelas consequências de qualquer intervenção humanitária? Dados da ONU mostram que há centenas de milhares de pessoas vivendo sem casa e na miséria, na Líbia, em parte como resultado da ação militar do Ocidente; e que há hoje na Líbia mais de 5.000 grupos armados, completamente fora do controle do estado, o que faz com que violentos confrontos armados entre grupos e milícias sejam a causa de incontáveis mortes de civis.

Relatório distribuído pela Comissão de Direitos Humanos da ONU dia 4 de Março afirma que, na Líbia, os dois lados cometeram “crimes contra a humanidade e crimes de guerra”. A Rússia está insistindo em que as ações da OTAN na Líbia sejam investigadas e que todos os considerados culpados sejam julgados e punidos.

Alguns analistas, referindo-se às guerras no Afeganistão e no Iraque, que causaram mais de 100 mil mortes de civis, chegam a dizer que esse tipo de intervenção humanitária é “solução brotada do inferno”. O uso frequente de forças militares em nome de oferecer “proteção” só tem feito estimular reações belicosas nas relações internacionais e já dá sinais de ter aberto uma caixa de Pandora de desastres.

Com tudo isso em mente, a comunidade internacional já está reconsiderando a doutrina da responsabilidade de proteger.

Em 2011, a Representante Permanente do Brasil na ONU, Maria Luiza Ribeiro Viotti, introduziu o conceito de “responsabilidade enquanto protege”, que busca refletir sobre os graves defeitos de só se implementarem medidas militares no contexto da responsabilidade de proteger. Para o Brasil a “responsabilidade enquanto protege” deveria ser hoje o foco de toda a comunidade internacional.

Especialistas sugerem que, em vez de intervenção humanitária mediante intervenção militar, melhor seria fortalecer a “diplomacia humanitária”, provendo-se fundos para que se ofereçam serviços públicos de saúde e condições de relocalização para os refugiados, como meios para atender à responsabilidade de proteger sem recorrer a meios violentos – solução que terá impacto mais duradouro e menos negativo.

Mas, considerando as consequências provocadas pela responsabilidade de proteger quando foi posta em prática, vários países já começam a abraçar o conceito de “proteção responsável”, que inclui alguns elementos básicos:

(1) Toda e qualquer intervenção deve proteger civis inocentes no país alvo, e promover a paz e a estabilidade regionais, e não promover uma ou outra facção política ou um ou outro exército ou grupo armado.

(2) O Conselho de Segurança da ONU é o único organismo legítimo para implementar qualquer “intervenção humanitária”. Nenhuma outra organização, organismo ou estado pode confiscar para si o direito de fazer “intervenção humanitária”.

(3) A precondição necessária para a implementação da força deve ser que todos os meios diplomáticos e políticos tenham-se esgotado, sem que se tenha alcançado algum acordo. Embora os esforços diplomáticos e outros meios não militares quase sempre exijam tempo até gerar resultados, sempre têm efeitos menos perniciosos que a guerra.

(4) O objetivo da proteção deve ser impedir ou aliviar um desastre humanitário. Em nenhum caso se falará de proteção, quando se tratar de derrubar governos por meios militares.

(5) A reconstrução nacional, depois da intervenção para proteger, deve ser firmemente apoiada. Em nenhum caso se falará de responsabilidade para proteger se o país ‘protegido’ for deixado em ruínas, sem governo e sem meios para se sustentar.

(6) A ONU estabelecerá um mecanismo de monitoramento, de avaliação efetiva e de cobrança e prestação de informações sobre a situação existente no país ‘protegido’.

Em resumo, a proteção responsável pode refletir mais fielmente os objetivos e princípios da Carta da ONU e as normas básicas que regem as relações internacionais, e é conceito mais bem alinhado com a busca da paz e do desenvolvimento em todo o mundo.






DA RÚSSIA:

A crise síria é teste para o mundo multipolar
 
15/3/2012, Alexey Pilko, Voice of Russia, Moscou - trad. Vila Vudu
http://english.ruvr.ru/2012_03_15/68579718/

A crise na Síria e o modo como se desdobrou mostram que o modelo de relações internacionais que se desenvolveu depois do colapso do sistema bipolar mudou consideravelmente nos últimos dez anos. A idéia da unipolaridade continua sobre a mesa; mas cada dia menos nítida. Relações entre governos e entre estados-nação vão-se tornando aos poucos multipolares e mais complexas.

Para comprovar essa evidência, basta considerar a agressão pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) contra a Iugoslávia em 1999. Foi situação típica, com eclosão de um conflito étnico que levou à formação de um enclave separatista no território de um estado soberano. Muitos estados enfrentaram desafios semelhantes. Há vários modos para solucionar a questão. Podem ser soft e podem ser muito hard. Não se pode afirmar com certeza que o governo em Belgrado tenha escolhido a melhor via. Contudo, a Iugoslávia era país independente, politicamente soberano e submetido à legislação internacional: qualquer interferência nos assuntos internos da Iugoslávia seria inaceitável.

Mas, no caso da Iugoslávia, ninguém se preocupou com leis. Prevaleceu o princípio de que se faz justiça e serve-se ao Direito, quando o mais forte submete o mais fraco. Nenhum país da OTAN deu-se o trabalho de convocar reunião do Conselho de Segurança da ONU antes da operação militar, reunião que só aconteceu depois de muita insistência dos russos. Ali, sobre as ruínas da legitimidade internacional estabelecida desde 1945, começou a delinear-se uma nova realidade: uma legislação internacional paralela.

Em outras palavras, um grupo de países comandados pelos EUA nos anos 1990s ‘privatizaram’ o mecanismo de força para resolver conflitos na arena internacional e consagraram, num pedestal, o conceito de “intervenção humanitária”. A Aliança, assim, se converteu em excelente instrumento para intervir em assuntos internos de outros países, com certeza de impunidade.

Deve-se observar que, depois da campanha da OTAN na Iugoslávia, sobreveio período mais sóbrio. O brutal assalto de três meses contra estado europeu levou a alguma relutância a recorrer novamente aos mesmos métodos. Menos nos EUA, que decidiram que, na primeira década do século 21, caber-lhes-ia consolidar as próprias conquistas, fixando a hegemonia dos EUA nos Bálcãs, e iniciar a auto-implantação dos EUA, sob controle dos EUA, também no Oriente Médio. Resultado desse pensamento geopolítico foi, em 2003, a campanha para ‘mudança de regime’ no Iraque.

Naquele momento, Washington e Londres sequer se deram o trabalho de inventar esquemas complicadíssimos de “intervenção humanitária”. O Iraque foi acusado de estar produzindo armas de destruição em massa, as quais jamais foram encontradas, nem depois de o Iraque já estar totalmente em ruínas. A violação do Direito Internacional foi tão flagrante, que até França e Alemanha, aliados próximos dos EUA, uniram-se à Rússia na oposição à campanha militar que teve traços, de fato, de crime de guerra.

A campanha contra o Iraque durou até bem depois de 2003. A ‘operação rápida’ que os EUA haviam previsto acabou por ser uma longa, sangrenta guerra, de oito anos, na qual morreram mais de 4 mil soldados dos EUA e que terminou em retirada sem honra. Especialista norte-americano próximo da Casa Branca disse, em entrevista recente, ano passado, que o presidente Barack Obama dos EUA tentou persuadir o primeiro-ministro do Iraque Nuri al-Maliki a manter soldados dos EUA no Iraque, para permanência de longo prazo. Mas não conseguiu.

A crise das finanças globais e a crise econômica nos EUA tiveram papel importante no processo de fazer baixar as ambições de Washington. A economia dos EUA, arcada sob o peso do déficit público, já não tem fôlego para sustentar a mesma política externa agressiva dos anos 1990s e 2000s. Os países europeus vivem problemas semelhantes. O derradeiro acorde foi o ataque à Líbia, onde os EUA tentaram pela primeira vez uma mudança de tática, jogando sobre os ombros (e bolsos) de seus aliados europeus a parte maior dos custos da intervenção.

De início, Londres e Paris abraçaram entusiasticamente os novos papéis, na esperança de fortalecer as respectivas posições no Norte da África. As elites britânicas e francesas esperavam talvez vingar-se da Líbia pelo fracasso da aventura de Suez em 1956? Fato é que Grã-Bretanha e França, dadas suas limitadas capacidades militares e financeiras, não se mostraram à altura da muita confiança que os americanos depositaram nelas; e os EUA tiveram de acorrer rapidamente para socorrê-las. No fim, depois de esforços conjuntos que se arrastaram ao longo de quase um ano, o regime líbio foi derrubado, numa Líbia convertida em mar de sangue e em ruínas. Mas é muito evidentemente claro que as potências ocidentais não poderão persistir nesse tipo de aventura.

A atual situação na Síria mostra que Damasco pode ser osso duro de roer para os dentes dos EUA e da União Européia. As instituições do estado sírio são sólidas e o exército sírio é muito mais bem estruturado para o combate que o exército líbio. De início, os planos para a intervenção apoiavam-se no levante popular contra o governo de Bashar al-Assad e em criar fortes bolsões de resistência controlados pela oposição, bolsões que, como previam os planos iniciais, poderiam ser transformados em “zonas de segurança”, a serem usadas para derrubar o governo sírio. Os fatos mostraram que esses planos estavam errados e deram em nada.

Depois, as forças do governo retomaram o controle da cidade de Homs; e o sucesso recente das operações em Idlib mostra que a capacidade de resistência política do governo de Assad continua bastante alta. Além disso, a posição firme que Rússia e China assumiram também teve o mérito de impedir ataque militar de outros países contra a Síria.

Manifestando-se como uma só voz, Moscou e Pequim mostraram que não tolerarão nenhuma unipolaridade e que continuam a defender o princípio segundo o qual as relações internacionais devem ser regidas por leis, não por algum surto de desejo vicioso de derrubar um ou outro governo, num ou noutro país.

Tudo isso faz ver que, em 2012, o mundo já está mudado. Rússia, China e outros vários estados manifestaram-se contra a agressão de que foram vítimas a Iugoslávia e o Iraque. Mas, daquela vez, essas vozes não foram ouvidas.

Hoje, EUA e União Europeia já não têm como não ouvir aquelas vozes divergentes. Por isso, os ministros de Relações Exteriores de países da União Europeia votaram contra a idéia de enviarem soldados seus para atacar a Síria. E o presidente Barack Obama já reconheceu que empreender “ação militar unilateral” seria erro dos EUA.

A situação na Síria já é prova de fogo e teste pelo qual passa a multilateralidade de todo o sistema de relações internacionais. O modo como a crise síria for equacionada mostrará se nosso mundo tornou-se afinal um mundo multipolar, ou se continua, como é há muito tempo, uma ditadura militar unipolar.

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