sexta-feira, 4 de novembro de 2011

BASTIDORES

 
2/3/2007: o entrevistado é General Wesley Clark, aposentado de 4 estrelas do Exército dos EUA e Comandante Supremo da OTAN durante a Guerra do Kosovo. A entrevistadora é do canal independente Democracy Now. (Vila Vudu)

Sarkozy, Obama e o Iluminismo
MK Bhadrakumar, Indian Punchline - 28/10/2011
(http://blogs.rediff.com/mkbhadrakumar/2011/10/28/sarkozy-obama-and-the-enlightenment)
Tradução: Vila Vudu

Sem violência física, é possível obrigar alguém a cuspir a goma de mascar que esteja mascando com evidente prazer? A Rússia provou que sim.

Esse é o contexto no qual se insere o sucesso da diplomacia russa na reunião do Conselho de Segurança da ONU, sobre a Resolução n. 1.973, na 5ª-feira passada. 

O formidável enviado russo à OTAN, Dmitry Rogozin, que sabe fazer com as palavras o que só políticos excepcionalmente bem dotados fazem, disse uma vez, em agosto, que a aliança ocidental estava “mastigando a Resolução n. 1.973”, como se fosse goma de mascar, para mostrar deliberadamente que não dava nenhuma importância nem à Resolução nem ao Conselho de Segurança.

A R 1.973 garantiu uma “zona aérea de exclusão” sobre a Líbia, e o Ocidente foi em frente e bombardeou a Líbia até destruir o país, matou milhares de civis inocentes e esquartejou Muammar Gaddafi com uma faca (há imagens, que não se deve divulgar, mas existem).

Ocorre-me que já ninguém sabe dizer o que teriam a ver, hoje, a história da civilização ocidental e aquele famoso “Iluminismo”, se se veem hoje esses crimes bárbaros. O Iluminismo terá sido só mais um mito? Será que o ocidente algum dia saiu da Idade das Trevas – seus Nicolas Sarkozy e Barack Obama et al.?

Seja como for, nunca antes a diplomacia russa no período pós-soviético trabalhou tão brilhantemente pela causa da paz, como ao apresentar ao Conselho de Segurança da ONU, 5ª-feira, o projeto de Resolução que exigia o fim imediato das operações da OTAN na Líbia. A iniciativa só apareceu no último momento, quando a OTAN movimentava-se já, sob um ou outro pretexto, para aplicar o golpe da legitimidade política, fazendo crer ao mundo que o povo líbio, coletivamente, estaria clamando pela permanência de tropas ocidentais na Líbia.

O movimento dos russos foi impecavelmente lógico. Afinal, os céus líbios já estão livres da artilharia mortífera de Gaddafi. Quem precisaria de “zona aérea de exclusão”?

Engraçado é que a Resolução apresentada pelos russos, e que pôs fim aos delírios da OTAN na Líbia, foi aprovada por unanimidade. Sarkozy e Obama ficaram sem alternativa. É mais que justo que, hoje, os russos, que obrigaram o ‘ocidente’ a cuspir a goma de mascar que tanto estavam gostando de mastigar, estejam rindo sozinhos.  Muito justo.

Em termos geopolíticos, a OTAN ficou, agora, numa sinuca de bico. Toda a agenda da OTAN, que previa abrir asas e voar para o norte da África e ali fazer ninho, dependia de a OTAN permanecer na Líbia. Mas Washington e Bruxelas cederão assim facilmente, sem luta?

Uma coisa é certa: Rússia e China não cairão em nenhum ‘golpe da Resolução do Conselho de Segurança’... no caso da Síria.

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