sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

PUTIN, A TURQUIA E O TERRORISMO




03/12/2015 - MOSCOU, Rússia (Kremlin) - De acordo com a tradição, Vladimir Putin fez seu discurso presidencial anual à Assembléia Federal no Salão de São Jorge no Kremlin, diante de uma audiência de mais de 1.000 pessoas.

Estavam presentes membros do Conselho da Federação, deputados da Duma [Parlamento], membros do governo, os chefes dos Tribunais Constitucional e Supremo, governadores regionais, chefes de assembleias legislativas regionais, líderes das confissões religiosas tradicionais da Rússia, figuras públicas, incluindo presidentes das câmaras públicas regionais e os dirigentes dos maiores mídia russos.

Vladimir Putin, Presidente da Rússia (excerto): "Cidadãos russos, membros do Conselho da Federação, deputados da Duma,

Permitam-me começar a minha intervenção expressando a nossa gratidão aos soldados russos que lutam contra o terrorismo internacional.

Hoje, no Salão de São Jorge, um salão histórico da glória militar russa, temos conosco pilotos de caças e representantes das Forças Armadas que participam da operação anti-terrorista na Síria.

Gelena Peshkova e Irina Pozynich, que perderam seus maridos na guerra contra o terrorismo, também estão entre nós. Eu lhes participo meu mais profundo respeito, assim como aos pais dos nossos heróis.

Peço que nós honremos a memória de todos os soldados que deram suas vidas no cumprimento do seu dever, e a memória de todos os cidadãos russos que foram vítimas do terrorismo.

(Momento de silêncio)

Caros colegas,

A Rússia está há muito tempo na vanguarda da luta contra o terrorismo. É uma luta pela liberdade, a verdade e a justiça, pela vida das pessoas e pelo futuro de toda a civilização.

Sabemos o que é a agressão do terrorismo internacional. A Rússia o enfrentou em meados da década de 1990, quando o nosso país, a nossa população civil sofreu ataques cruéis. Nós nunca esqueçeremos os reféns de Budennovsk, Beslan e Moscou, os ataques implacáveis ​​contra edifícios residenciais, o descarrilamento do Expresso Nevsky, as explosões no metrô de Moscou e do aeroporto de Domodedovo.

Essas tragédias causaram milhares de vítimas. Nós as choramos ainda, e sempre estaremos em luto ao lado dos seus.

Levou quase uma década para finalmente quebrar a espinha dorsal desses extremistas armados. Nós quase conseguimos expulsar os terroristas da Rússia, mas ainda estamos combatendo os terroristas clandestinos remanescentes. Esse mal ainda existe. Há dois anos, dois ataques foram cometidos em Volgogrado. Recentemente um avião de passageiros russo sofreu um atentado sobre o Sinai.

O terrorismo internacional nunca será derrotado por um único país, especialmente em uma situação onde as fronteiras são praticamente abertas, e quando o mundo está passando por um novo período de reassentamento das populações, enquanto os terroristas têm apoio financeiro regular.

O terrorismo é uma ameaça crescente hoje. O problema do Afeganistão não foi resolvido. Lá a situação é alarmante e não nos traz otimismo, enquanto alguns países relativamente pacíficos e estáveis ​​do Oriente Médio e do Norte da África - Iraque, Líbia e Síria - estão agora imersos em um caos e anarquia que representam uma ameaça para todo o Mundo.

Todos nós sabemos por que isso aconteceu. Nós sabemos quem decidiu derrubar regimes indesejados ​​e brutalmente impor suas próprias leis. Aonde chegaram? Eles causaram convulsão, destruíram as instituições estatais dos países, jogaram parte da população contra a outra e, em seguida, 'lavaram as mãos', abrindo o caminho para milícias armadas radicais, extremistas e terroristas.

Os milicianos armados na Síria são uma ameaça particularmente grave para a Rússia. Muitos deles são cidadãos da Rússia e dos países da CEI [Comunidade de Estados Independentes]. Recebem dinheiro e armas e se fortalecem dia a dia. Se eles se tornarem fortes o suficiente para prevalecerem na Síria, vão voltar para os seus países de origem para semear o medo e o ódio, para explodir, matar e torturar pessoas. Nós temos que combatê-los e eliminá-los lá onde eles estão, longe das nossas casas.

É por isso que decidimos lançar uma operação militar com base em um pedido oficial das legítimas autoridades sírias. Os nossos soldados estão lutando na Síria pela Rússia, pela segurança dos cidadãos russos.

O exército e a marinha russa demonstraram de forma convincente sua prontidão para o combate e suas capacidades ampliadas. As modernas armas russas provaram ser eficazes, e a experiência inestimável que constitui a sua utilização em condições de combate é analisada e será usada para melhorar ainda mais as nossas armas e nosso equipamento militar. Somos gratos aos nossos engenheiros e demais trabalhadores da nossa indústria de defesa.

A Rússia tem demonstrado uma enorme responsabilidade e liderança na luta contra o terrorismo. O povo russo apoiou estas ações decisivas. A forte posição tomada pelo nosso povo vem de sua profunda compreensão do perigo absoluto do terrorismo, de seu patriotismo, de suas altas qualidades morais e de sua convicção de que devemos defender nossos interesses nacionais, nossa história, nossas tradições e nossos valores.

A comunidade internacional deve tirar lições do passado. Os paralelos históricos ​​nesta situação são inegáveis.

A relutância [do Ocidente] em unir forças contra os nazistas no século 20 custou-nos milhões de vidas durante a guerra mais sangrenta na história da Humanidade.

Hoje novamente encontramos-nos diante de uma ideologia destrutiva e bárbara e não devemos permitir que essas forças obscuras da era moderna atinjam seus objetivos.

Temos que acabar com as nossas querelas e esquecer as nossas diferenças para construirmos uma frente comum anti-terrorismo, que aja em conformidade com o direito internacional e sob a égide das Nações Unidas.

Cada país civilizado deve contribuir com a luta contra o terrorismo, reafirmando a sua solidariedade, não em palavras, mas em atos.

Isto significa que os terroristas não devem encontrar refúgio em lugar nenhum. Não deve existir um duplo padrão. Nenhum contato com organizações terroristas. Nenhuma tentativa de usá-los para os próprios fins. Nenhuma transação criminosa com terroristas.

Sabemos quem enche os bolsos na Turquia e permite que os terroristas prosperem com a venda do petróleo que roubam da Síria. Os terroristas utilizam esses fundos para contratar mercenários, comprar armas e planejar ataques terroristas desumanos contra cidadãos russos e contra civis na França, Líbano, Mali e outros países. Lembremos-nos de que os extremistas armados que operaram no Cáucaso do Norte nos anos 1990 e 2000 procuraram refúgio e receberam ajuda moral e material da Turquia. Eles ainda estão lá.

No entanto, o povo turco é generoso, trabalhador e capaz. Temos muitos bons amigos de confiança na Turquia. Permitam-me enfatizar que eles devem saber que não os igualamos à parcela da elite governante atual que é diretamente responsável pela morte de nossos soldados na Síria.

Nós nunca esqueceremos o seu conluio com os terroristas. Sempre consideramos a traição como o pior e mais vergonhoso ato que pode ser cometido, e isso nunca vai mudar. Eu quero que eles se lembrem disso - aqueles que na Turquia dispararam contra nossos pilotos pelas costas, esses hipócritas que tentaram justificar suas ações e proteger os terroristas.

Eu nem mesmo entendo por que eles fizeram isso. Qualquer discordância que pudesse haver, qualquer problema, qualquer desacordo, que desconhecíamos completamente, poderia ter sido resolvido de maneira diferente. Além disso, estávamos prontos a cooperar com a Turquia em todas as questões mais sensíveis que ela levantasse; estávamos prontos para ir mais longe, até mesmo aonde seus aliados recusaram-se a ir. Só Alá sabe, eu suponho, porque eles fizeram isso. E, sem dúvida, Alá decidiu punir a classe dominante da Turquia, privando-a do seu discernimento e da sua razão.

Mas se eles esperavam de nós uma reação nervosa ou histérica, se eles queriam que nos tornássemos um perigo para nós mesmos e para o Mundo, eles não obterão nada desse tipo. Eles não vão receber qualquer resposta visando impressionar a galeria ou mesmo obter algum ganho político imediato. Nada disso.

Nossas ações são sempre orientadas principalmente pela responsabilidade - para nós mesmos, para o nosso país, para o nosso povo. Nós não vamos tinir os sabres. Mas se alguém pensa que pode cometer um crime de guerra hediondo matando os nossos cidadãos, e escapar sem sofrer nada mais que um embargo sobre as importações de tomates ou algumas restrições na construção ou outras indústrias, realmente está iludido. Nós vamos lembrá-los do que fizeram, mais de uma vez. Eles vão se arrepender. Nós sabemos o que se deve fazer.

Mobilizamos as nossas forças, os nossos serviços de segurança, nossa polícia e órgãos de justiça, para repelir a ameaça terrorista. Todos devem estar cientes de sua responsabilidade, incluindo as autoridades, partidos políticos, organizações da sociedade civil e da mídia.

A força da Rússia encontra-se no livre desenvolvimento de todos os seus povos, na sua diversidade, na harmonia de culturas, línguas e tradições, no respeito mútuo e diálogo entre todas as religiões, incluindo cristãos, muçulmanos, judeus e budistas.

Devemos resistir firmemente a qualquer manifestação de extremismo e de xenofobia, defendendo nossa concórdia étnica e religiosa, que é o fundamento histórico da nossa sociedade e do Estado russo.[…]"

Fonte: http://en.kremlin.ru/events/president/news/50864

Tradução p/ o Francês: Salah Lamrani (http://sayed7asan.blogspot.fr)

http://allainjules.com/video-sous-titree-vladimir-poutine-allah-a-aveugle-la-clique-dirigeante-en-turquie/