sábado, 2 de setembro de 2017

EM TORNO DA VENEZUELA



Grandes exercícios militares ao redor da Venezuela

Os refletores dos meios políticos e da comunicação mediática, concentrados no que acontece dentro da Venezuela, deixam na sombra o que está ocorrendo à volta desse país.

Na geografia do Pentágono, essa é a região do Comando do Sul dos EUA (Southcom), um dos seis “comandos de combate unificados” em que os EUA dividem o mundo. O Southcom, que abrange 31 países e 16 territórios da América Latina e do Caribe, dispõe de forças terrestres, navais, aéreas e de um corpo de ‘marines’, às quais se juntam forças especiais e três task force (forças tarefa) específicas: a Joint Task Force Bravo, localizada na base aérea de Soto Cano, nas Honduras, que organiza exercícios multilaterais e outras operações; a Joint Task Force Guantanamo, localizada nessa base naval, em Cuba, que efectua “operações de detenção e interrogatório no âmbito da guerra contra o terrorismo”; e a Joint Interagency Task Force South, localizada em Key West, na Flórida, com a tarefa oficial de coordenar “operações antidrogas” em toda a região.

A crescente atividade do Southcom indica que aquilo que o presidente Trump declarou, no dia 11 de Agosto: -– “Temos muitas opções para a Venezuela, incluindo uma possível opção militar” -– não é apenas uma simples ameaça verbal.

- Uma força especial de ‘marines’, equipada com helicópteros de guerra, foi implantada em Junho passado, nas Honduras, para operações regionais com uma duração prevista de seis meses.

- Também na esfera do Southcom, em Trinidad e Tobago, ocorreu em Junho o exercício Tradewinds, com a participação de forças de 20 países das Américas e do Caribe.

- Em Julho, o Exercício Naval Unitas foi realizado no Peru, com a participação de 18 países, e no Paraguai, uma competição/exercício abrangendo forças especiais de 20 países.

- De 25 de Julho a 4 de Agosto, centenas de oficiais de 20 países participaram do Panamax, exercício oficialmente destinado a “defender o Canal do Panamá”.

- De 31 de Julho a 12 de Agosto, decorreu na Joint Base Lewis-McChord (Washington), o Mobility Guardian, que é “o exercício maior e mais objetivo de mobilidade da aviação” com a participação de 3000 homens e 25 parceiros internacionais, em particular com as Forças Aéreas da Colômbia e do Brasil, que se exercitaram em missões diurnas e noturnas juntamente com as Forças Aéreas americana, francesa e britânica.

O "cenário real" é o de uma grande operação aérea, para transportar rapidamente forças e armamentos para uma zona de intervenção. Por outras palavras, é o teste de intervenção militar na Venezuela, como Trump ameaçou. A base principal seria a vizinha Colômbia, ligada à OTAN desde 2013 por um acordo de parceria. “Os militares colombianos -– documenta a OTAN -– frequentaram vários cursos na Academia de Oberammergau (na Alemanha) e no Colégio de Defesa da OTAN, em Roma, participando também em muitas conferências militares de alto nível».

A existência de um plano de intervenção militar na Venezuela está confirmada pelo almirante Kurt Tidd, comandante do Southcom: numa audiência no Senado, em 6 de Abril de 2017, ele declarava que “a crescente crise humanitária na Venezuela poderia exigir uma resposta regional”.

Para realizar a “opção militar”, como Trump ameaçou, poder-se-ia adoptar, embora num contexto diferente, a mesma estratégia implementada na Líbia e na Síria: infiltração de forças especiais e mercenários que jogam gasolina em focos de tensão interna, provocando confrontos armados; acusar o governo de massacrar o seu próprio povo e, na seqüência, a “intervenção humanitária” de uma coligação liderada pelos EUA.

Manlio Dinucci

http://www.voltairenet.org/article197570.html

http://www.voltairenet.org/article197309.html



Dublado em Português com um sotaque esquisito:


http://sakerlatam.es/america-latina-y-el-caribe/manlio-dinucci-a-arte-da-guerra-grandes-manobras-ao-redor-da-venezuela-video/



Opiniões de Alejandro Cao de Benós
sobre a Venezuela, o Brasil e muito mais

Entrevista em Tarragona com Alejandro Cao de Benós, representante da República Popular Democrática da Coréia nas relações com o Ocidente e presidente da Associação da Amizade com a Coréia. (Esp.)



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