sábado, 28 de janeiro de 2012

A RESISTÊNCIA SE MANIFESTA EM BENGAZI


Após a libertação de Bani Walid intensos confrontos vêm ocorrendo em Benghazi e Tripoli. No vídeo acima (ontem) pode-se ver a bandeira verde nas mãos da multidão. Não está claro como os mercenários da OTAN responderão ao despertar da Líbia. Já afirmaram que vão bombardear Bani Walid usando os poucos caças restantes da Líbia.

(http://ozyism.blogspot.com/2012/01/armed-jamahariya-supporters-and.html)


TORTURA NO HOSPITAL


Este vídeo é de Fevereiro ou Março/2011. Ratos invadem um hospital em Bengazi para matar negros e apoiadores da Jamahiriya. Essas ações, com menos tumulto, continuam até hoje. Os ratos têm autoridade para prender, torturar e matar pessoas em qualquer lugar, e os hospitais não são exceção. Houve inúmeros incidentes envolvendo médicos que não queriam entregar seus pacientes, e até um protesto coletivo em Trípoli. O caso de Abu Zaid Dorda, que já noticiamos em 28/10/2011, é notório. Recentemente os ratos foram obrigados a hospitalizá-lo para tratar suas fraturas, mas logo foram buscá-lo de novo. Há uma campanha pela sua libertação: http://libya360.wordpress.com/2012/01/26/urgent-action-we-need-your-help-to-save-dr-dorda/

Ontem a organização "Médicos sem Fronteiras" encerrou seu trabalho na Líbia porque constatou que os cuidados aos pacientes trazidos pelos ratos serviam apenas para reanimá-los para poderem ser torturados de novo. Esses médicos demoraram para perceber isso.

Há também relatórios recentes da Anistia Internacional e de outras organizações reconhecendo, embora em escala muito reduzida, os crimes dos ratos. Mas não devemos nos iludir: agora é conveniente à OTAN admitir que os ratos "se excederam", para justificar o envio de tropas, que servirão, é claro, para proteger as instalações petrolíferas. Como diz hoje o blog libyasos (http://libyasos.blogspot.com/p/news.html):

"Nós vimos relatando detenções e torturas na Líbia há meses... os meios de comunicação chamaram de mentiras. Agora, de repente tudo é verdade... É que agora as forças da Otan querem ocupar a Líbia oficialmente... Então de repente vamos ouvir da ONU um monte de admissões de crimes de guerra do CNT."




Crimes terríveis da OTAN na Líbia


 Farirai Chubvu - The Zimbabwe Herald


Enquanto Charles Ray -- o enviado dos EUA aqui -- se apresenta como a face do mundo livre, um campeão dos direitos humanos e da democracia e tem sido veemente sobre o papel de seu país na invasão da Líbia, verifica-se que, assim como o Vietnã e outras guerras ilegais anteriores, a Líbia está se transformando em um grande embaraço para o tio Sam.

Um relatório divulgado na semana passada por grupos de direitos humanos no Oriente Médio apresenta ampla evidência de crimes de guerra realizados na Líbia pelos Estados Unidos, a OTAN e suas forças "rebeldes" durante a invasão do ano passado, que culminou no assassinato do coronel Muammar Gaddafi .

O "Relatório da Missão Independente de Averiguação da Sociedade Civil para a Líbia" (fact-finding Mission to Libya) apresenta conclusões de uma investigação realizada em novembro passado pela Organização Árabe para os Direitos Humanos, juntamente com o Centro Palestino para os Direitos Humanos e o Consórcio Internacional de Assistência Jurídica.

Com base em entrevistas com vítimas de crimes de guerra, bem como com testemunhas e autoridades líbias em Tripoli, Zawiya, Sibrata, Khoms, Zliten, Misrata, Tawergha e Sirte, o relatório apela para a investigação de evidências de que a OTAN alvejou áreas civis, causando muitas mortes e lesões.

Instalações civis foram alvo de bombas e mísseis da OTAN, inclusive escolas, edifícios governamentais, casas particulares e pelo menos um depósito de alimentos.

O relatório também apresenta evidências de assassinato sistemático, tortura, expulsão e abuso de suspeitos de serem partidários de Gaddafi pelas forças "rebeldes" do Conselho Nacional de Transição apoiadas pela OTAN. Descreve a expulsão forçada dos habitantes, em sua maioria de pele negra, de Tawergha, e a perseguição contínua de trabalhadores migrantes sub-Saharianos por parte de forças aliadas do CNT.

Os investigadores relatam espancamentos selvagens e repetidos de prisioneiros mantidos sem julgamento ou acusações, a execução sumária de combatentes pró-Gaddafi, e relatos de testemunhas de "retaliação indiscriminada e assassinatos, incluindo o 'abate' (degola) de ex-combatentes".

O relatório desmascara os  pretextos democráticos e de direitos humanos adotados pelos EUA, França, Grã-Bretanha e os seus cúmplices da OTAN para levar a cabo uma guerra de conquista de estilo colonial. Esclarece que a Resolução 1973, impondo uma "zona de exclusão aérea" e embargo de armas à Líbia supostamente para proteger os civis de ações repressivas por Muammar Gaddafi, foi de fato utilizada para levar a cabo uma guerra aérea cruel travada em coordenação com as forças "rebeldes" no terreno.

O relatório sugere que logo após o surto de protestos anti-Gaddafi em Benghazi e outras cidades, as forças de oposição receberam treinamento de forças armadas ocidentais, bem como armas das forças da OTAN e estados árabes aliados. A oposição a Gaddafi que eclodiu em Fevereiro passado após a queda de Mubarak no Egito foi rapidamente apropriada pelos EUA, França, Grã-Bretanha e seus agentes na Líbia para lançar uma invasão pró-imperialista.

Como o relatório afirma: "Segundo a informação disponível para a Missão, de primeira mão e de fontes secundárias, parece que a OTAN participou do que poderia ser classificado como ações ofensivas realizadas pelas forças da oposição, incluindo, por exemplo, ataques a cidades e vilas controladas pelas forças de Gaddafi. Igualmente, a escolha de certos alvos, como um armazém regional de comida, levanta questões, em primeiro lugar, sobre o papel de tais ataques no que diz respeito à protecção de civis."

O relatório dá apenas uma imagem pálida desse ataque brutal, cujo propósito foi o de voltar o relógio 43 anos para as condições que prevaleceram sob o Rei Idris, fantoche dos EUA e Inglaterra, que entregou os recursos petrolíferos do país aos conglomerados americanos e britânicos e permitiu aos dois poderes manterem grandes bases militares em solo líbio. A destruição e o assassinato em massa, que culminaram com o arraso de Sirte e o linchamento de Gaddafi, tornam as alegações acatadas pelas Nações Unidas de uma guerra por "direitos humanos" e "protecção de civis", não apenas absurdas, mas obscenas.

O estupro da Líbia foi a resposta dos anglo-saxões aos levantes revolucionários que derrubaram regimes pró-ocidentais de longa data na Tunísia e no Egito, dois países que fazem fronteira com a Líbia. O objetivo da invasão era impor o controle completo sobre os recursos petrolíferos do país, desviar e suprimir o crescimento de lutas da Classe Trabalhadora em todo o Norte de África e Oriente Médio, e um golpe para a China e a Rússia, que tinham estabelecido relações econômicas estreitas com o regime de Gaddafi.

A guerra destruiu a Líbia. O próprio CNT -- uma coalizão instável de ex-funcionários do regime de Gaddafi, islamitas ligados à Al Qaeda e agentes de inteligência ocidentais -- estima que a invasão custou 50.000 vidas e feriu outros 50.000. As crescentes lutas internas entre facções do CNT abrem a porta para a guerra civil em ampla escala entre milícias rivais baseadas em clãs e regiões.

Há pouco, neste fim de semana, em meio a advertências do presidente do CNT, Mustafa Abdel Jalil, de iminente guerra civil, uma multidão exigindo a renúncia do governo de transição forçou sua fuga da sede do CNT em Benghazi. Abdel Hafiz Ghoga, vice-presidente do CNT, prontamente demitiu-se.

O relatório sobre crimes de guerra dos EUA-OTAN é também uma acusação a vários partidos de "esquerda", intelectuais e acadêmicos que repetiram como papagaios os pretextos de direitos humanos de Washington e da OTAN, e assim deram apoio aberto ou implícito à invasão da Líbia.

E o assim chamado Tribunal Penal Internacional continua em seu silêncio ensurdecedor.

http://nsnbc.wordpress.com/2012/01/27/natos-grisly-crimes-in-libya/

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