sábado, 24 de setembro de 2011

3 CLIPES E 1 RETROSPECTIVA

Sobre o trambique das Torres Gêmeas:


Esta música é utilizada na vinheta da Telesur sobre a Líbia:



Aisha Kadafi está na Argélia. Canção de boas-vindas:






RETROSPECTIVA: 1 DOS MOTIVOS DA AGRESSÃO À LÍBIA

Assalto à mão armada em Trípoli
Manlio Dinucci, Il Manifesto, 29/7/2011
http://www.voltairenet.org/Goldman-Sachs-Tripolirip
Trad. para o português, de David Lopes, Rede Voltaire –
http://www.voltairenet.org/Assalto-a-mao-armada-em-Tripoli
Trad. revista, para o português do Brasil, pelo Coletivo de Tradutores Vila Vudu
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O que você faria se um banco, no qual tivesse depositado 100 mil euros para que
rendessem, lhe comunicasse que, em um ano, o seu depósito foi reduzido a menos
de 2 mil euros?

Foi o que aconteceu na Líbia, segundo matéria publicada no Wall Street Journal
[1]. Depois de EUA e União Europeia terem levantado o embargo em 2004, afluíram
para a Líbia dezenas de bancos e instituições financeiras estadunidenses e
europeias. Dentre as quais o banco Goldman Sachs, dos maiores bancos de
investimentos do mundo, com sede em New York. No primeiro semestre de 2008, as
autoridades líbias confiaram àquele banco 1,3 bilhão de dólares em fundos
soberanos (capital que o Estado investe no estrangeiro). O banco Goldman Sachs
investiu aqueles fundos em seis empresas: Citigroup Inc. dos EUA, o banco
italiano Unicredit, o banco espanhol Santander, a companhia de seguros alemã
Allianz, a fornecedora de energia francesa Électricité de France e a italiana
ENI. Um ano depois, o banco Goldman Sachs comunicou às autoridades líbias que,
por causa da crise financeira, os fundos líbios valiam então 2% do valor
inicial: 1,3 bilhão de dólares estavam reduzidos a 25 milhões de dólares.
 

Furiosos, a autoridade líbia responsável pela transação chamou a Trípoli o
gerente do banco Goldman Sachs – Norte de África. O encontro foi turbulento e
resultou na rápida evacuação dos empregados do banco, forçados a deixar Tripoli
antes de que fossem presos. Visto que a Líbia ameaçava intentar um processo
judicial, o que comprometeria fatalmente a reputação do banco aos olhos dos
investidores, Goldman Sachs ofereceu à Líbia indenização, a ser paga em ações do
próprio banco. Os líbios, justamente desconfiados, não aceitaram. E a
possibilidade de o Estado líbio processar o banco Goldman Sachs não foi
eliminada.

Vários casos semelhantes, de “má administração do capital líbio” foram trazidos
à tona, em relatório publicado pelo New York Times [2]. Por exemplo, a empresa
Permal – unidade de Legg Mason, uma das principais empresas de gestão de
investimentos dos EUA, com sede em Baltimore – administrou 300 milhões de
dólares em fundos soberanos líbios, os quais, entre janeiro de 2009 e setembro
de 2010, perderam 40% do valor. Mas a Permal resgatou 27 milhões de dólares para
cobrir custos de administração dos fundos líbios. O mesmo aconteceu com bancos e
instituições financeiras, como a holandesa Palldyne, a francesa BNP Paribas, a
britânica HSBC e o Crédit Suisse.

As autoridades líbias ameaçaram processar judicialmente e internacionalmente
todas essas empresas, o que implicaria grave dano à reputação desses e de outros
‘prestigiosos’ organismos financeiros.

Afinal, tudo se resolveu sem tumultos quando, em fevereiro de 2011, os EUA e a
União Europeia “congelaram” o fundo soberano líbio. A supervisão dos fundos
“congelados” foi confiada aos mesmos bancos e instituições financeiras que tão
bem os haviam gerido até então.

Do roubo, passou-se ao assalto à mão armada, quando a guerra contra a Líbia
começou, em março. Protegidos pelas bombas da OTAN, o banco HSBC e outros bancos
de investimento chegaram a Benghazi para criar o novo Banco Central da Líbia –
medida que lhes permitirá gerir os fundos soberanos líbios “congelados” e toda a
riqueza gerada pela exploração de petróleo líbio. Ninguém duvida que, dessa vez,
os rendimentos serão excepcionalmente fartos.

NOTAS
 


[1] “Libya’s Goldman Dalliance Ends in Losses, Acrimony”, Magaret Coker, Liz
Rappaport, Wall Street Journal, 31/5/2011.
 

[2] “Western Funds Are Said to Have Managed Libyan Money Poorly”, David Rohde,
The New York Times, 30/6/2011.


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